Quem sou eu

Minha foto
Sou um PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA e apaixonado pelo que faço... respeito, amo e faço do melhor pra esta área de tantos leques de ação ser um ambiente de intervenção pedagógica e ao mesmo tempo de prazer!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A GINÁSTICA DO DESEQUILÍBRIO


Vindo das clínicas de reabilitação e dos esportes de alto nível, o treinamento funcional ganha espaço nobre nas academias. Saiba para que ele serve!


De pé, apoie-se sobre um pé só e flexione a outra perna para trás. Agache sem pôr o outro pé no chão e trate de não perder o equilíbrio. Estenda a perna de base novamente e repita o movimento dez vezes. Se achar fácil, experimente fazer o mesmo segurando entre as mãos uma bola que pese pelo menos 5 quilos. Pronto. Além de fortalecer as pernas, você está tornando seu corpo mais apto a se movimentar com equilíbrio e firmeza, seja na vida diária pura e simples, seja na prática de esportes. Essa é a proposta do treinamento funcional, um conjunto de técnicas de exercícios que faz sucesso nos Estados Unidos e agora dá sinais de que será o próximo filão das academias brasileiras.
O treinamento funcional tem duas características principais. Uma delas é a instabilidade. Plataformas que balançam e almofadas infláveis substituem o chão firme para obrigar o corpo a procurar um jeito de se equilibrar na instabilidade. Esses estímulos alcançam uma musculatura de sustentação, menos visível e mais próxima aos ossos, que não é trabalhada nos exercícios que focam apenas os músculos aparentes.
É por causa da ativação dessa musculatura (chamada de profunda ou sutil) que os entusiastas do treinamento funcional dizem que ele torna qualquer movimento mais fácil. Essas posturas fortalecem o chamado core, um conjunto de músculos que sustentam o esqueleto na região do abdome, do quadril e das coxas, também priorizado pelo Pilates. A instabilidade também pode vir dos acessórios e das máquinas funcionais, que diferem dos aparelhos da ginástica e da musculação tradicionais por exigir que várias partes do corpo trabalhem ao mesmo tempo e em direções variadas.
A outra característica essencial do método é a especificidade. Ele é usado para preparar o corpo para a prática de diferentes modalidades esportivas, com movimentos parecidos com os do próprio esporte. Um jogador de tênis pode incluir no treinamento movimentos iguais aos de suas jogadas, incluindo os giros de joelhos e tronco, em vez de apenas fortalecer cada grupo muscular isoladamente.
As academias estão investindo na novidade de formas diversas. A paulistana Bio Ritmo está instalando em todas as unidades da rede um maquinário que dividirá o espaço com os equipamentos tradicionais da musculação. São aparelhos com polias que giram em todas as direções e sistemas mais articulados que permitem uma variedade maior de movimentos. A Bio Ritmo diz que o aluno não pagará nada mais por isso. A Competition tem, há quatro meses, uma sala exclusiva para exercícios desse tipo, em grupo, usada apenas por quem compra o serviço adicional. A Body Systems, franqueadora neozelandesa de aulas padronizadas, lançou no fim do ano passado o Core 360o, um programa de capacitação em treinamento funcional para profissionais de educação física baseado no uso de acessórios leves e relativamente baratos, como bolas, elásticos e cordas. Mas será que esses exercícios são bons para todo mundo? Na visão de Eduardo Netto, da carioca A! Body Tech, quem mais se beneficia deles são os atletas e as pessoas com alguma limitação motora, como os idosos, que precisam de um preparo extra para subir escadas ou se abaixar com facilidade. Patrícia Lobato, da Cia Athletica, diz que lá o treinamento funcional é proposto como complemento ao tradicional. “Ele ensina o corpo a pedir ajuda aos músculos menores, e isso torna qualquer movimento mais fácil”, afirma. Luciano D’ Elia, um dos maiores responsáveis pela disseminação do método em São Paulo, diz que quem faz apenas musculação e alongamento está com a musculatura forte e alongada, mas não necessariamente tem agilidade e habilidade para saltar, rebater ou derrapar na areia numa partida de frescobol. A promessa do treinamento funcional é que ele torne o corpo todo mais preparado para desafios como esses.
Nem todo mundo está tão confiante nessas promessas. Carlos Ugrinowitsch, professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP e ph.D. pela Brigham Young University, dos Estados Unidos, é um dos céticos. Ele trabalha numa universidade americana e lá observa que o mercado trata o treinamento funcional como santo milagroso. “Não é isso tudo”, diz ele. Há na literatura evidência de que a instabilidade ajuda na recuperação de lesões, mas não há evidência de que ela sirva para prevenir as lesões, como tem sido apregoado. “Essa área ainda é muito empírica. Estamos no começo dos estudos”, diz Ugrinowitsch.
Reportagem do site Globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores