
Histórico da Introdução da Educação Física no Brasil
"A história da Educação Física no Brasil é muito rica, principalmente por estar intimamente ligada à política educacional adotada por cada governo, criando assim, de acordo com o período político um tipo de educação física. Em seu processo de introdução a Educação Física contou com a contribuição de vários setores diferenciados da sociedade como os colonos, imigrantes, militares, isto em diferentes momentos e partes do país, com o objetivo de proporcionar o lazer, a formação corporal, e a disciplina, utilizando jogos, exercícios físicos, recreações e competições. A intenção não é aqui transformar as informações obtidas através da revisão de literatura feitas uma verdade absoluta sobre esta história. É importante observar todo o contexto político, econômico e social que atua diretamente na definição dos rumos da Educação Física, o objetivo aqui é, respeitando a opinião de cada autor citado tentar compreender e interpretar os fatos.
Segundo ROMANELLI (1978) citada por GONÇALVES e YAMAMOTO (2002)
“A organização da educação em determinada sociedade é, antes de tudo, um problema de ordem política. Essa afirmação decorre do fato de que a organização se faz através da legislação, e esta, votada pelo legislativo, ou apenas decretada pelo executivo, dependendo sempre do poder real de quem a vota ou decreta e da representação própria desse poder e emana das camadas sociais existentes”.
Outra questão relevante é como o corpo é visto, trabalhado, utilizado pelo governo no sentido de disciplinar ou transformar a sociedade, através da prática diária da atividade física. Segundo afirmação de BRUEL (1990) citada por BASTOS (2002):
“Não é apenas o corpo que entra em ação pelo fenômeno do movimento, é o homem todo que age, que se movimenta...A Educação Física não deve prender-se na compreensão restrita do movimento, mas entender o seu significado na relação dinâmica entre o ser humano e o meio ambiente... Há uma extrema coerência entre o que somos, pensamos, acreditamos ou sentimos, e aquilo que expressamos através de pequenos gestos, atitudes, posturas ou movimentos mais amplos”.
Para iniciar este histórico, é necessário retroceder ao Descobrimento do Brasil em 1500, mais precisamente em 1549 quando do desembarque da frota de Tomé de Souza, Padre Manoel da Nóbrega e outros jesuítas na baía de Todos os Santos. Os índios brasileiros que habitavam o Brasil no século XVI se entregavam de forma natural à prática de atividades físicas, não com a consciência dos seus benefícios para a saúde ou higiene, mas sim, por mera questão de sobrevivência. Caçavam, pescavam, lutavam, utilizavam arco e flecha, tacape, canoas, nadavam, mergulhavam, corriam e algumas tribos faziam uso dos cavalos, todas estas atividades com muita destreza. Tinham a consciência que na luta pela existência era preciso ser forte para garantir a sobrevivência.
Fazia parte destas atividades também a dança, não só aqui no Brasil com os índios, mas em toda a sociedade primitiva. Era através das danças, parte essencial da vida dos povos, que estas sociedades cultuavam seus deuses, faziam orações, pedidos e agradeciam por benefícios recebidos. Historicamente, a dança é uma satisfação primária, como o alimento quando estamos com fome, o movimento é necessário para o nosso organismo. Segundo Ted Shawn citado por MARINHO (1971)
“Dançamos porque o homem primitivo dançou e o homem primitivo dançou porque seus antepassados, os animais também dançaram e porque acredita que a dança possa assegurar-lhe sucesso nesses acontecimentos tão necessários para ele, assim como a caça; e finalmente, encontramos isso em todas as grandes religiões do mundo, onde a dança é o melhor meio de expressão.”
Com a vinda dos jesuítas e a fundação de seus colégios os índios que estavam sendo catequizados faziam aulas de manhã e tinham a tarde toda para dar vazão aos seus instintos.
No século XVI, os negros bantus, gegês, negros nagôs, negros haussas trazidos para o Brasil pelos portugueses em número considerável procedentes de Angola, Congo, Benguela, Cabinda, Mossâmedes, África Ocidental, Moçambique e da Quelimânia para trabalharem nas lavouras de cana-de-açucar, nas minas, aos encargos domésticos dos senhores brancos se fixaram no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco e criaram nas senzalas a capoeira, uma rixa ardilosa muito criativa e ritmada. Estes movimentos criados pelos negros serviam para sua auto defesa em relação aos capatazes.
Os escravos que conseguiam escapar das senzalas se refugiavam nos Quilombos onde desenvolveram a capoeira sem a utilização da música. Quando eram recapturados ensinavam aos negros que ainda estavam na senzala os golpes aprendidos. Para mascará-la os escravos inseriram a música, oriunda da África para dar a impressão aos senhores de engenho que estavam praticando uma espécie de dança e não uma luta. Em 1891 a capoeira foi proibida tendo sua prática liberada apenas em 1945 por um Decreto Lei do então Presidente Getúlio Vargas."
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